PAUSA .... este é apenas um registro de "magoas" para ver se quem sabe limpo a alma" DESPAUSA
Por algumas vezes minha grande amiga Martha questionou o "abandono" ao blog e o pq de não registrar todo o turbilhão de sentimentos que venho passando, afinal de contas é um momento da minha vida que não volta mais. Fiquei com dúvidas, relutei, até mesmo pq não gosto de reclamações sem fim, mas talvez fique um buraco nesta história quando algum dia minha pequena for ler estes registros (afinal de contas, tudo isso é para ela, com a intensidade do momento).
Para falar a verdade eu ainda não sei por onde começar, talvez desde o dia que nasci (minha mãe dizia que eu tinha choro de gente forte e por isso nunca me deu muita atenção, esta sempre foi a justificativa dela). Mas se eu for me alongar neste tanto eu não vou chegar no que vem acontecendo hoje, 30 anos depois.
Estou a 10 anos em um emprego, para quem olha de fora o melhor do mundo, e já cheguei a ouvir que eu estou no cargo mais privilegiado, talvez sim, mas não hoje, não no momento que a vida chegou, neste meio tempo eu tive mais uma e talvez a pior briga de todas com a minha mãe e em uma fuga desesperada eu sai de casa dizendo nunca mais voltar (ela não foi me procurar e eu tive que manter minha palavra), namorado apaixonado decidiu que ficaria ao me lado para sempre, alugamos uma casinha, compramos tudo num crediário nas Casas Bahia, comemos muita comida ruim e revezamos o nuggtes e a batata frita congelada por muitos anos, parte deste emprego eu também estive em uma faculdade, marido cuidava de tudo em casa e ainda cuidava de mim por muitas vezes histérica, e este ciclo foi longo e cansativo, até que veio a minha pequena Isabela, ultimo ano de faculdade "o que fazer ?", sou comprometida demais para abandonar, afinal de contas a faculdade não era só para mim, era para o crescimento da nossa família, quantas e quantas vezes cheguei por volta das 11 da noite e ainda ia para o pronto socorro pq a pequena estava com cólica ou dente nascendo ou uma febre qualquer que enlouquece pai e mãe de primeira viagem e como tínhamos apenas 1 carro esta era a nossa realidade, chorava ela e chorava eu.
O tempo passou, eu me formei, chorei, senti orgulho de mim, marido chorou, sentiu orgulho de mim, afinal de contas era uma vitória nossa, minha pequena com 1 aninho já e muitos momentos que nunca mais voltaram e que eu nunca mais vou ter (como os primeiros passinhos que eu não vi).... então é isso o tempo passou, você entende, o tempo passou, meus pais estavam na formatura a esta altura eu já tinha feito de tudo para recomeçar uma vida e esta nova vida não seria completa sem meus pais. Mas a vida é cheia de linhas tortas e veio a menopausa da minha mãe e junto com ela a depressão, eu me desdobrei, me mostrei forte, acompanhei ao médico, peguei no pé pq remédio tem que ser tomado sempre e não só quando dá as crises, fugi do serviço sem olhar para o lado todas as vezes que ela estava tendo algum "ataque histérico", mimei com coisas materiais e guloseimas, tentei facilitar o fardo e me mostrei aquele bebê forte que ela sempre disse que sou .... dentre as muitas frases "absurdas" uma é "eu sempre fui fraca, desde sempre, você não você é uma menina forte, me desculpe não ter sido a mãe que você merecia, mas eu nunca prestei para nada mesmo".Eu sempre, sempre, sempre com palavras do tipo "imagina você sempre deu o seu melhor", mas existem tantas pedrinhas ao longo do caminho, que alguma hora por mais que você preste atenção, uma hora você tropeça, e o nosso tropeço veio no dia que eu descobri que estava gravida do meu garotão, fazem apenas 4 meses que dei a noticia e nosso telhado de vidro foi atingido por alguma daquelas tantas pedras deixadas no caminho, ela diz que ficou em choque (e deve estar até hoje pq NADA mudou), não recebi um abraço, o único comentário que talvez ela nem se lembre mais foi "se você realmente estiver gravida, coisa que eu não acho, você esta esperando um menino, e vai se um menino feio" o assunto "baby" incomoda ela e eu percebo isso, ela tenta não participar, como ela mesma disse em uma das tantas ligações "ela não tem amor para dar a este baby, tivemos mais uma das tantas brigas, ela como sempre uma vitima, uma pessoa fraca e eu mais uma vez gritando enlouquecida pela simples falta de um apoio materno neste momento.
Vieram as férias, Ilhabela é perfeita, aluguei uma pousada para meus pais, (irmão, cunhada e sobrinhos também estavam conosco) pousada pq no flat que ficamos a reserva mínima era de 7 dias e eles foram passar apenas o final de semana, descemos em carros separados no sábado, eu demorei muito mais para chegar (sem presa talvez afinal de contas teríamos lá 7 dias), soube que meus pais estavam descansando (respeitei), a noite eu soube que minha mãe estava em mais um ataque histérico de que odeio ela, de que eu não queria que eles tivessem ido e nada tirava isso da cabeça dela, voltei para o flat (com marido a pequena e meu irmãozinho) e me senti perdida, tendo mais uma vez que ser forte pq as crianças não tem nada com isso, acordamos, eu respirei fundo, era aniversário do marido, ligamos para o meu pai que disse já estar atravessando a balsa para voltar para SP pq minha mãe não estava bem (liguei no rádio, estava no viva voz, e eu falei muito do que estava entalado na minha garganta, não adiantou, mais uma vez voltei para o flat, desta vez eu chorei horrores e mais uma vez eu tinha que ser forte, as crianças já tinham presenciado muito mais do que mereciam, conversei com eles e disse que se eu estragasse o passeio deles e o niver do marido eu estaria sendo igual a ela, irmão cunhada e sobrinhos chegaram e fomos passear de lancha, foram dias lindos, com o coração inquieto eu confesso mas de certo modo feliz.
A volta a realidade/ rotina é um pouco mais complicada pq existe o reencontro, e depois já vem o Natal e por mais que eu sempre sonhei com um Natal destes com toalha vermelha, presentes em baixo da arvore, o amor estampado nos rostos, eu nunca tive, eu sempre senti que forcei um pouco as comemorações "tem que ter, vamos fazer, e se a gente comprar tal coisa", este ano deixei para sentir se seria convidada e não fui, ficamos em casa, confesso que foi triste, para mim, pq o Filipe nunca teve mas tb não liga e a Isabela estava dormindo a algum tempo já.
E eu ainda nem estava recuperada quando chegou o ano novo e se eu acreditasse em superstição eu diria que vou passar 2014 chorando, na hora exata dos fogos, da janela do quarto dava para ver a cidade em festa, marido abraçado a mim e eu sentindo uma tristeza sem fim, a Isabela seguindo a rotina já dormia a muito tempo, o ano virou e eu decidi que era a hora de mudar TUDO o que me incomodava, eu confesso não esta sendo fácil, parte das minhas decisões já estão em pratica, eu continuo chorando dias e noites, mas eu estou confiante de que logo eu alcanço meus objetivos, a vida não é fácil e eu sei disso acho que desde sempre, a pergunta que eu me faço constantemente é pq e como chegou neste ponto .... mas eu sou forte, lembra ? Deus esta comigo e acho que este é aquele momento na canção em que só existe 1 pegada na areia.